Planejar a sucessão dos bens é um gesto de amor e responsabilidade.

Muitas famílias enfrentam conflitos e longas disputas judiciais após a morte de um ente querido, justamente porque não houve um planejamento prévio.

Por isso, uma dúvida comum surge no consultório jurídico:
 “É melhor doar os bens em vida ou deixar tudo em testamento?”

A resposta depende da situação familiar, do tipo de bem e das intenções do titular.
Vamos entender as diferenças — e quando cada opção é mais vantajosa. 

 Doação em vida: quando o desejo é ajudar ainda em vida

A doação em vida é o ato pelo qual alguém transfere bens ou direitos a outra pessoa enquanto ainda está vivo.
Pode ser total ou parcial, e pode até reservar o direito de usufruto vitalício — ou seja, o doador continua morando no imóvel ou recebendo a renda dele, mesmo após transferi-lo.

 Vantagens:

• Evita brigas familiares no futuro;
• Permite acompanhar o uso e o destino do bem;
• Possibilita dividir de forma justa, conforme a vontade do doador;
• Pode ter efeitos imediatos, garantindo segurança jurídica aos beneficiários.

 Atenção:

Mesmo na doação, é obrigatório respeitar a legítima — ou seja, metade dos bens deve ser reservada aos herdeiros necessários (filhos, cônjuge e pais).
Doações que ultrapassam esse limite podem ser questionadas judicialmente.

 Testamento: o planejamento pós-vida

O testamento é um documento formal em que a pessoa manifesta como deseja que seus bens sejam distribuídos após a morte.
Ele pode abranger tanto a parte disponível (até 50% do patrimônio), quanto disposições de caráter pessoal, como reconhecimento de filhos, doações afetivas ou legado de objetos com valor emocional.

 Vantagens:

• Garante liberdade para escolher beneficiários;
• Pode incluir pessoas fora do núcleo familiar;
• Permite deixar mensagens, instruções ou legados afetivos;
• Pode ser revogado e alterado a qualquer momento.

 Cuidados:

O testamento precisa seguir requisitos formais rigorosos, com testemunhas e registro adequado.
Sem essa observância, o documento pode ser anulado.

 Qual é o melhor para você?

Não existe resposta única.
A doação em vida é ideal para quem quer ajudar filhos ou familiares ainda em vida, organizar partilhas e evitar litígios.
Já o testamento é mais indicado para quem deseja manter o controle do patrimônio até o fim da vida, ou incluir herdeiros fora do círculo tradicional.

Em muitos casos, o melhor caminho é combinar as duas formas — realizar algumas doações em vida e deixar disposições complementares em testamento.

 Exemplo prático

 Um casal de Lajeado decidiu doar a casa onde morava à filha, reservando o usufruto vitalício. Assim, continuaram morando no imóvel, com a certeza de que, no futuro, ele permanecerá na família.

 Já uma empresária de Arroio do Meio optou por fazer um testamento para deixar parte do patrimônio a um afilhado que a acompanhou por anos, respeitando a legítima dos filhos.

Em ambos os casos, o resultado foi o mesmo: tranquilidade e segurança jurídica.

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